sábado, 25 de julho de 2009

Olha o que eu achei! (carta de demissão enviada por mim ao meu antigo chefe, em 2003)

Dr. Robalinho,


Quero antes de tudo agradecer. Sou muito grata ao senhor por ter acreditado em mim e me dado a chance de chefiar a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Saúde de Pernambuco durante esses quatro anos e oito meses (além da Secretaria de Saúde do Recife, por um ano). Vivi muitas coisas boas aqui, aprendi muito. Só que chegou o momento de mudar. Na verdade venho adiando este momento por diversos motivos, entre eles minha ligação com o senhor e sua equipe e o salário que ganho, que é o que sustenta a mim e a minha filha.

Mas agora sinto que é hora de me lançar no abismo e mergulhar no desconhecido. Preciso arriscar. Muitos acham que sou louca por desperdiçar este emprego. Mas agora estou escutando meu coração e ele me diz que preciso ousar.

A profissão pra mim é uma das coisas mais importantes da minha vida e por isso tenho que estar feliz nela. E não estou. Sinto-me desmotivada, sem desafios. Tenho me pegado pensando várias vezes: “A vida é uma e estou aqui numa sala fechada com ar condicionado passando número de dengue ou leptospirose pra Imprensa. O que estou fazendo da minha vida?” Quero escrever sobre outras coisas, ajudar o mundo de forma mais direta e verdadeira. Sonhadora? Pode ser, mas é assim que sou. Sinto que necessito chegar mais próximo de minha essência. Tenho que alçar outros vôos pra minha evolução.

Quero também dizer que tenho muito respeito pelo senhor e que não sinto raiva nem mágoa. Apenas gratidão e respeito. Minha decisão não tem relação direta com o ocorrido ontem. Eu já vinha querendo mudar há mais de ano, mas não conseguia. O que aconteceu ontem apenas foi o empurrão que eu precisava. Não está sendo fácil pra mim desapegar de grande parte dos meus últimos anos, são pessoas, lugares, coisas, mas sinto que é o momento de deixar pra trás e seguir rumo a outras vivências.

Espero que essa transformação faça-nos crescer cada vez mais, para que renasçamos melhores e mais conscientes de nossa missão.

Um abraço,

Luciana Rabelo
28.08.2003

Um comentário:

Irma Brown disse...

Senão fosse isso não existiria o Ventilador Cultural, nem a gente ficaria amiga...nem nem nem...besos!