segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Eu e a escrita


Tava agora preenchendo uma ficha sobre meu histórico literário para o site Interpoética e aí me vieram algumas lembranças e reflexões.

Desde sempre, gosto de escrever. No colégio, minha disciplina preferida sempre foi Redação. Mas meus escritos sempre ficavam em cadernos e nunca mostrava a ninguém. Uma vez mainha (ou foi painho) descobriu uma redação que fiz (acho que na segunda série) sobre a poluição do rio Capibaribe por vinhoto. Gostaram tanto que enviaram pro Diarinho.

Recordo claramente a ocasião em que a poesia saltou (mermo!) de dentro de mim pela primeira vez em público. Era uma quinta-feira, de não sei que ano, após a meia-noite, em Olinda. Pois foi, tive o prazer de recitar pela primeira vez na vida num recital do sublime França. A anfitriã era Alpha Petulai, aquela cantora negra que passou uns tempos por aqui e que tem umas músicas muito legais.

Eu já tinha ido a alguns recitais de França, mas sempre só ouvia, não me atrevia a falar. Nesse dia, no entanto, um poeta estava recitando um poema que falava da mulher e que, de alguma forma, me ofendeu. Deve ter mexido mesmo muito comigo, porque quando ele acabou, eu, sem pensar, apontei o dedo pra ele e desagüei: “ Moço, cuidado com ela. Há de se ter cautela com essa gente que menstrua...” O poema era Aviso da Lua que Menstrua, de Elisa Lucinda.

França não se continha de tão alegre. E a partir daí, onde me encontrava pedia pra eu recitar. Até então eu só recitava poemas de outros. Nunca meus.

Foi quando resolvi voltar ao Sertão, terra de meus pais, que a rima e a métrica começaram a me cutucar. Fui passar uns dias em São José do Egito, onde minha mãe nasceu (painho é de um vilarejo de Mirandiba chamado Tupanaci / Santa Maria). Depois de passar uns dias só ouvindo poesia, inclusive do grande cantador Zé Catota, quando em visita à casa dele, minha mente não mais parou de poetizar como o povo de lá.

O mais engraçado é que até então eu não gostava muito que meus versos rimassem. Achava meio cafona. Pois bem, ainda lá em São Zé, quando fui dormir após a tarde com Zé Catota, minha cabeça não conseguia parar de criar poesia rimada e metrificadíssima. No outro dia, então, escrevi um poema em homenagem a Catota. E não mais parei. Galopes, sonetos, martelos, sextilhas, quadras...Amo todas elas, e as livres também!

Com a musicalidade inerente à poesia popular, naturalmente passei a decorar todas que escrevia. E com isso a urgência em soprá-las ao vento.

Tenho como grande parceira de recitais a minha cumade Anaíra, um dos amores da minha vida.

obs: No link abaixo, tem alguns poemas meus publicados no site Interpoética:

http://www.interpoetica.com/luciana_rabelo.htm


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